Burro.
Burro.
Burro.
Repito aos soluços.
Mais de três vezes,
Enquanto choro.
Qualquer outro xingamento parece singelo para mim neste momento.
Sou eu, contra mim mesmo.
Burro.
Burro.
Burro.
Por que dar-me este nome de animal?
Talvez, porque fui seu burro durante este tempo.
Deixei você guiar as rédeas.
Deixei que me colocasse o cabresto.
Deixei que ficasse a me dizer o quanto eu (poderia) estar errado.
E acreditei.
Acordei com as feridas
e com a dor que há muito tempo avisei que sentia.
Não era amor, era doença.
por Rafael Pinheiro (Pinto)