Sou uma pessoa vazia
Resumida a simples punheta
Do dia a dia
O dia passa devagar
O roupão já está todo esburacado
Me conservando no estado putrifado
Roupas não cabem nesse corpo
Cagar também não
Tudo que está aqui vai pro corvo
As esperanças na fumaça foram soltas
A partir daí sempre que caminhava
Vagando por aí
Todos me olhavam com cara de loucos
Claro
Um jovem de roupão
Com a face morta
Somada a rola balançando
Causa espanto
Coisas banais espantam
Ficar pelado espanta
Dar o cu espanta
Fumar cannabis espanta
Agora matar não espanta
Torturar é fichinha
Ameaçar é mole
A miséria virou normal
A humanidade está se corroendo
Preocupando-se com coisas
Que sinceramente, nem morrendo
Rafael Abrahão