aquele
jeito
de gesticular
com dedos
celestes
regendo
estrelas
e de trançar
as pernas
de serpentes
nos pés
das cadeiras
aquela
boca
de caninos
cadentes
de comer
cometas
e falar
faíscas
com línguas
de labaredas
flamejantes
de fogueiras
aqueles
ouvidos
videntes
de escutar
escuros
lamentos
de meteoros
e devorar
luminosos
segredos
de hieroglifos
nas íris
das horas
com olhos
de hórus
aquele
corpo
de hierofante
de cavalgar
o dorso
louco
do indirigível
de apolo
e digerir
com estômago
mágico
os infinitos
instantes
de ouro
de oroboro
aquele
centauro
alado
eleito
pra reinventar
o sol
no peito
vomitar
luz
e voltar
ao solo
como
outro
pégasus
trágico
no com-
passo
de um
voo
em falso
aquele
movimento
solo
raro
de outro
ícaro
a cair
no colo-
labirinto
do tempo-
minotauro
Paulo César de Carvalho